01 outubro, 2006

Vontade de dançar

Estava pensando em algo de que me ocupar enquanto todos os outros brasileiros estejam na fila de votação. A primeira idéia que me ocorreu foi dançar, sozinho, a polca, mas ficaria um tanto estranho, principalmente porque eu queria dançar na avenida e na avenida, você sabe, carros passam e atropelam e fogem sem prestar auxílio médico, como se ele estivesse certo por atropelar alguém que dança Polca sozinho na avenida.
Naturalmente eu estaria vestido dessa forma:










(O do lado direito seria eu)

Então mudei de idéia subitamente, mas de forma penosa, pois adoraria dançar polca sem saber enquanto todos os demais brasileiros se engajam em tarefas desmoralizantes como votar ou ir votar, ou ainda voltar pra casa depois de votar. Queria ser o herói da nação, guardando o pouco que resta de sua honra.

Passou então, em minha mente, a idéia de dançar como o Gene Kelly em Take me out to the ball game, mas eu me lembrei de não conseguir dar pulos tão gigantescos:










(Esqueçam o Frank Sinatra ao lado dele, sim?)


Dessa forma, restou-me apenas uma solução, que me pareceu bastante aprazível. Eu próprio faria minha Rita Hayworth com tecido, um tanto de palha e uma abóbora no lugar da cabeça. Veja o meu rascunho para ela:
















Infelizmente, ficou mais parecido com a Lauren Bacall que com a Hayworth e, como todos sabem, Lauren Bacall nunca dançou Polca.

Que farei eu, então? Sapatear eu não posso, pois não tenho sapatos próprios pra isso e a avenida - única exigência do dia - parece não emitir o mesmo som agradável dos palcos e estúdios da MGM. Valsa com a Lauren. É possível, mas me entediaria. Ler um livro não, isso não salvaria a moral da pátria, já muito prejudicada pelas últimas campanhas e avatares modificados no orkut com números e slogans no lugar do nome e logotipos nos álbuns de fotografia. Cheguei a ver uma foto da Heloísa Helena, figurino habitual, com a legenda "Não vote neles, vote nela", mas não acredito ainda.

Eu, que não votarei nem neles, nem nela, nem na Ana Maria Rangel, espero apreensivo pelas festas em comemoração à vitória de algum candidato, qualquer deles, que destruirão a minha vida com jingles e marchinhas. Nessas horas eu queria morar na Rússia, dançar por lá...

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