28 outubro, 2007

Si nous résistons a nos passions, c'est plus par leur faiblesse que par notre force

Não tenho a menor noção do que significa, só sei que é La Rochefoucauld e deve ser bonito.

Ok, mentira. Dá pra entender por analogia com o português. Mas eu sempre quis citar algo que não entendo - o que significa que eu logo, logo citarei algo de Hegel pra vocês.

Brincadeirinha, eu só citaria algo que alguém, pelo menos o autor, pudesse entender.
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Mudando de assunto, quinta-feira eu li "O Hobbit". É como uma história de Mark Twain, mas com anões no lugar das crianças. E definitivamente menos engraçado. Mesmo assim, é um bom livro, rápido como devem ser os livros infantis, e não tem magias sendo jogadas a cada instante, o que o torna agradável até a não-nerds como eu. A única dica que dou para a leitura é: pensem por analogias, porque não fica legal imaginar que Gandalf, o mago sábio, é um mago sábio de verdade - ele acaba parecendo extremamente chato. Para explicar a estranha superioridade de Gandalf imagine-o como um pai ou um tio que ajuda os sobrinhos na brincadeira e depois vai embora e deixa os moleques brincando sozinhos. Quando a brincadeira passa dos limites, lá está titio de novo, controlando a bagunça. Se você tem uma dificuldade por não ser nerd, é uma boa forma de enganar seu cérebro com analogias obviamente falsas, mas nem por isso desinteressantes.
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Falando em nerds, vi Superbad hoje pela segunda vez. Ri tanto quanto da primeira vez, a cabeça doeu, mas continuo com a impressão chata de que eu sou muito parecido com o Evan - o que faz de mim um semi-retardado no quesito mulheres. A única diferença óbvia entre ele e eu é que eu não bebo. E ele usa roupas mais legais - o que me eleva à categoria de retardado total. Mas eu sou totally cute, pelo menos - e um dia terei uma Becca inteirinha só pra mim.

Ainda Superbad, ignorem todos os imbecis que comparam o filme a American Pie ou similares. Farei uma analogia que não me parece indigna do filme nem do objeto de comparação, não se afobem. Lembram quando Manuel Bandeira escreveu "Os Sapos", único poema dele que conheço e gosto? O poema tem métrica perfeita, rimas difíceis e... é anti-parnasiano. Superbad tem adolescentes, virgindade e é... o anti-filme adolescente. E incrivelmente engraçado.

22 outubro, 2007

Doutor Casa

Fontes seguras me informaram que o seriado House M.D. foi teve seus direitos de produção adquiridos pela RedeTV!, assim como "Donas de Casa Desesperadas". A escalação prévia do elenco você confere aqui:

Doutor Gregório Casa (Gregory House): José Mayer;

Tiago Uílson (ou Vilsom, o nome não foi decidido, James Wilson): Fábio Assunção de terno;

Luísa Cândida (Lisa Cuddy): Letícia Sabatella;

Érico Foreman (o sobrenome não foi alterado devido às ofertas do Grill George Foreman para bancar o horário, Eric): Tony Tornado;

Roberto Perseguição (Robert Chase): indefinido. Talvez aquele que fez o filho gay da fazendeira naquela novela, o Júnior (lembrem-me do nome e eu o coloco aqui);

Alice Camerão (Allison Cameron): alguma mulher extremamente sem sal, nem um pouco sexy ou atraente e dez anos mais velha que a Jennifer Morrison, como a Lucélia Santos para substituir a Tery Hatcher. A candidata ideal é a Débora Falabella, com um tratamento especial para parecer mais velha.

O seriado será filmado na argentina e será inacreditavelmente ruim. O roteiro maravilhoso da versão original será traduzido literalmente, e todas as piadinhas e o sarcasmo do Casa perderão o sentido. Fontes dizem que o canal também negocia estragar o seriado "Heróis", com a escalação do vendedor do shoptime no papel de Hiro.

16 outubro, 2007

d'Arte de Escrever

Quando se escreve um livro, acredito, a máxima a se seguir diz que o leitor é melhor que o autor em todos os sentidos. Isso obriga o autor a fazer algo melhor do faria se considerasse seu público formado por retardados. Em blogs isso não acontece, porque 90% dos leitores de blogs são retardados, mesmo.

15 outubro, 2007

Literatura brasileira

Na livraria, ontem, pela primeira vez me dei conta de que existem mais bons escritores brasileiros do que meu senso elitista patriófobo me permite admitir.

14 outubro, 2007

Três passos para entender perfeitamente o post anterior

1. Imagine o melhor filme que você já viu;
2. Ponha a Milla jovovich nua logo na primeira cena;
3. Tente fazer uma resenha. Se não for igual a essa aqui embaixo você tem problemas, procure um psiquiatra.

Ok, agora vão pro cinema que o filme não vai ficar lá pra sempre.

13 outubro, 2007

A menor e melhor resenha já feita sobre Resident Evil 3

Milla Jovovich está nua na primeira cena. O resto do filme é desculpa.

10 outubro, 2007

Ahlahbahmah

Eu queria muito colocar umas piadas de Freddy e Fredericka aqui, pra que vocês gargalhassem e espantassem seus roommates no andar inferior. Mas, meus amigos, é impossível. As piadas parecem todas estar tão ligadas ao enredo do livro que nem o Ahlahbahmah ali no título faz sentido pra vocês, pobres diabos. Parece que Freddy e Fredericka é o tipo de livro que precisa ser lido. Não dá pra contar muita coisa sobre ele sem estragar algo pra ser engraçado ou ser sem graça para não estragar nada.

Também me parece o tipo mais difícil de livro de se traduzir. São muitos, muitos, muitos trocadilhos. A mesma impossibilidade de traduzir "wit" é a impossibilidade de traduzir a aplicação dele. Talvez, acreditem, esse livro nunca seja traduzido para o português, o que pode ser uma grande, enorme perda. A menos que você, meu leitor, grande conhecedor da essência do wit, decida fazer esse trabalho que, se bem feito, vai render pelo menos um bom elogio (o meu), Freddy e Fredericka está condenado a dormir eternamente em inglês nas prateleiras das livrarias.

Agora perguntem-me da história. Obrigado. Não vou responder. Não tenho muito o que falar, ainda estou na metade. Quer dizer, já conheço toda a burocracia da sucessão do trono inglês, conheço um cigano, Tories e Labours e motoqueiros que se vestem de neo-nazistas e querem matar alguém famoso com sabres, não nessa ordem. Mas o que mais me admira no livro até agora é a Fredericka, que vai ganhar um parágrafo grandão só pra ela aqui embaixo, veja:

Sem dúvida Fredericka tem a melhor personalidade que uma Princesa de Gales pode ter. É completamente fútil, mas surpreendentemente inteligente (e também seria incapaz de uma construção frasal tão esquisita quanto esta). Eu me sinto mal antecipadamente por saber que vou escrever o que segue, mas Fredericka é quase um "outro lado" de Freddy. Ela é mais razoável, Freddy é instintivo - e droga, já não é mais um parágrafo só pra Fredericka -, embora o que se diga seja quase sempre que Freddy é inteligente e Fredericka apenas atrai a atenção por ser bonita e ter bom gosto para roupas. Esse é talvez o melhor trabalho de Mark Helprin no livro (depois do humor tão bem aplicado), essa criação de Fredericka um tantinho ambígua. Embora esteja posto para o leitor que tudo o que se diz sobre ela é superficial, as entrelinhas do livro estão quase escritas, de tão claras que são, e, acreditem, eu quase me orgulhei de ter escrito essa frase feia aí, porque acho que é uma observação que precisa ser dita. E as entrelinhas dizem que Fredericka é o tipo de mulher que qualquer homem quer.

09 outubro, 2007

Nunca senti isso antes

Mas tô com vontade de ler um livro do Paulo Coelho. Verônika decide morrer. O título é bom, não há discussão (apesar do "k" de Verônika, que ficaria melhor com c). E o plot pareceu tão legal também que eu fiquei tentado. A Verônika que decide morrer tenta cometer suicídio porque ninguém liga pra um país aí, Eslovênia, acho - eu também não ligo. Quem liga? A Eslovênia existe? Se for bem explorado, pode ser muito engraçado - não como O Púcaro Búlgaro, que é querer demais, mas verdadeiramente divertido. O único receio que ainda tenho é que acho que não deve ser engraçado, deve ser... "solene".

Alguém, por favor, tira essa idéia da minha cabeça?

06 outubro, 2007

De como nasceu uma flor no nariz do Capitão - II

Parte I
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A viagem terminou como começou: tranqüila. Porque assim são as aventuras, começam sempre na metade do caminho, quando voltar atrás e ir adiante representam os mesmos riscos e desesperanças. Se ainda no porto de Liverpool o Capitão Blake se deparasse com uma feroz tempestade ele, como humano, desistiria de sua empreitada e aportaria novamente, ciente que estaria dos riscos ficar não só com um olho a menos, mas também sem a vida, o que deixaria muito tristes todos os seus familiares de Porthsmouth (especialmente sua sobrinha, Nicole, por quem nutria afeto excessivo e a quem dedicava todos os seus saques em cartas privadas, como depois se soube por suas correspondências.

Detalhes sobre o meio da viagem poderiam conter embates com monstros marítimos, ondas gigantescas, naufrágios, mas só ocorreram alguns poucos enjôos na tripulação, duas febres com delírios e, de fato, dois embates com criaturas míticas marinhas, que provaram não ser míticas, mas se provaram marinhas. Uma sereia, derrotada pelo arpoeiro, que tinha noções de música e, ao ouvir seu canto, reclamava da coloratura e dizia o tempo todo que semitonava, o que fez a sereia explodir, e uma lula-colossal miniatura, mas com jato de laser saindo de suas ventosas, super-força e super-velocidade, no que deu bastante trabalho pro limpador de convés, que a capturou com a vassoura de "pêlos longos e inquebráveis". Infelizmente o espécime fugiu pelo chão do barco, em que fez um buraco até alcançar o mar. Felizmente não atacou novamente, pois seria difícil para o limpador de convés capturar a lula, varrer o chão e tampar o buraco com o dedo ao mesmo tempo - as duas últimas tarefas já eram suficientemente desafiadoras, já que o convés de uma nau é bastante grande e seu casco fica a vários metros de distância do chão do convés, o que exigia incrível elasticidade do limpador de convés, que esticou seu dedo mínimo do pé por alguns metros e seus braços por outros tantos.

Esses dois inconvenientes acabados, a segunda metade do caminho foi rápida, embora com o vento em proa, o que exigiu grande trabalho dos remadores - pois o Capitão Blake morria de preguiça de recolher as velas. Aportaram em Estocolmo dia 06 de outubro de 1637.