28 fevereiro, 2007

The future is not ours to see

Como estará Scarlett Johansson daqui a sessenta anos? Por via das dúvidas, quero que ela morra cedo, antes de ficar feia. E depois de eu conhecê-la pessoalmente. E de mantermos um caso na Martinica.

26 fevereiro, 2007

Os melhores políticos do mundo

Eis os culpados da pobreza brasileira - monetária, cultural, intelectual. Os políticos são piores para o povo na proporção de suas qualidades, e a honestidade de um político é a mais funesta de todas as qualidades que ele pode ter. Justamente a mais comum entre os nossos políticos.

Os políticos brasileiros não têm a pretensão de esconder o que fazem. Escancaram, gritam que roubam. De fato, quem não teme falar que rouba, também não temerá roubar mais e mais e mais. Os nossos políticos são assim. E, bem, se isso não faz deles honestos, não sei o que faria.

"Político honesto não rouba", você pode afirmar. Mas afirmar que um político não rouba é um pouco precipitado. Ademais, "honestidade" não tem muito a ver com roubar ou não. Tem a ver com esconder o roubo. Não se escondem roubos no Brasil, a honestidade impera por aqui.

Em outros lugares, com políticos piores, os roubos são mais escondidos, ocultos e, às vezes, imperceptíveis. Os políticos disfarçam o que pegam do povo construindo algumas coisas que o povo não construiria, mas acaba usando. No Brasil eles não se preocupam em construir nada, porque têm vergonha de mentir, de usar as obras como disfarce para seus saques.

Quando, portanto, te perguntarem qual a qualidade mais evidente do Brasil, reponda prontamente: "temos os políticos mais honestos do mundo".

23 fevereiro, 2007

Mitológicas

  • Em terra de cegos, quem tem um olho é rei; na terra de quem enxerga também, porque os ciclopes são bastante fortes.
  • Se Atlas segura o céu, como pode desenhar mapas da Terra?
  • Por que os gregos não criavam ovelhas mais limpas para tecer o tapete do destino?
  • Se Deus substituísse as trombetas por sax, muito mais pessoas ansiariam pelo fim do mundo.

22 fevereiro, 2007

Different ways of thinking

  • Todo radicalismo é errado e deve ser punido com a morte;
  • Sou radicalmente moderado, e vice-versa;
  • Todas as opiniões são válidas, apenas as minhas são certas;
  • Se é pra ouvir uma opinião errada, que seja ao menos elegante.

16 fevereiro, 2007

Preciso urgentemente aprender alemão

"Para os autores gregos e latinos, as traduções alemãs são um substituto tão bom quanto a chicória é para o café"

Pra poder beber sem vinagre do café de Schopenhauer.

13 fevereiro, 2007

Isso é tudo, folks

Meu Computador está muito temperamental ultimamente, resolveu não funcionar direito. Diz que é muito explorado por mim e que eu nunca pago nada pra ele, nem um sorvetinho. Faz drama, manda reiniciar, restaurar o sistema, pede pra eu parar de comer na frente dele e faz beicinho quando eu derramo leite e biscoitos nas suas teclas.

No fundo, Meu Computador sabe que eu o amo e se esforça pra funcionar mesmo com um provável câncer, o que eu acho lindo, mas de vez em quando ele se revolta e me obriga a formatar seu HD pra que ele fique limpinho. Acho que é TPM, mas ele nega.

Quanto ao windows, Meu Computador tem preferência pelo XP versão SP1. Quando se instala o pacote SP2 ele se revolta, pula, grita e larga a minha mão, me obrigando a andar sozinho pela rua enquanto ele fica lá, estático.

Por causa disso, levarei Meu Computador ao concerto. Vai ter um ótimo aqui em Recife, com músicas de Bach e Beethoven. Depois levarei para o hospital, onde extrairá esse câncer maligno que o impede de me satisfazer todos os desejos. Esse tempo todo dedicarei exclusivamente a ele, pra que se sinta melhor. Naturalmente, ficarei sem postar.

Beijos e se virem pra se divertir sem mim.

10 fevereiro, 2007

Centenário do frevo

E Recife está cheirando a mijo.

08 fevereiro, 2007

Meu nome é sincero

Com isso não quero dizer que eu me chame Sincero. Se fosse assim, poria a letra maiúscula no título. Você vê alguma letra maiúscula no "sincero" do título? Vê? Ok, então cale-se. Só estou dizendo que meu nome é sincero porque ele não finge que eu sou nobre ou pobre. Ele me mantém na classe média. Não me revela como gênio ou demente, mas me mostra como uma pessoa normal.

É justamente essa normalidade que não me agrada muito em meu nome. Por que não fui batizado como Alphonsus Julius Terceiro? A sinceridade dos nomes é algo injusto, porque sempre me faz parecer medíocre e, mais do que isso, me mantém medíocre. Se os nomes não fossem sinceros, haveria surpresas, como descobrir um Sidneidilson que escreve bem ou uma Rosalene que de fato seja rica.

Haveria nomes nobres em pessoas pobres, o que seria uma surpresa negativa: "Qual o nome dele?", peguntaria alguém, "Alphonsus Julius Terceiro", responderiam, "ganha meio salário mínimo e sustenta doze filhos", mas mesmo assim seria mais divertido que "é milionário". Nada de novo.

Não acontece assim. Qualquer Uóxinto Luís de hoje é pobre e feio, e qualquer Angelina Jolie é linda. Até que, como Grace Kelly, torne-se um nome mal grafado e popular: "Greice Kelly", "Anjelina Jôli", "Máicou Jécson".

Post em construção, tente novamente mais tarde

Se há algo que me deixa curioso são as "pessoas em construção". Esse tipo de gente trata a vida como um grande canteiro de obras, em cada canto um pedreiro gritando gostosa pra moça que passa e ensinando a viver. Daí vem o engenheiro eletricista e instala lâmpadas na vida dela e pum, de repente, ela é iluminada. Seguem-se os trabalhos do pintor, que maquia com habilidade as paredes da pessoa em construção e dá o acabamento com impermeabilizante.

Mas o problema de fato é que essas pessoas não se contentam com a cor da primeira pintura, não se satisfazem com o piso de madeira original. Querem continuar em construção, uma reforma interminável. Tiram-se os pisos, quebram-se paredes e fica apenas um galpão. Daí, toca montar tudo de novo. A reforma eterna tem um grande problema, como têm as reformas em apartamentos e casas: ninguém habita uma casa sem paredes, e quem por ventura habitar estará sempre doente por causa da poeira no interior.

06 fevereiro, 2007

If I had a hammer, I'd hammer all over this land

O desprezo pela profissão faz os melhores profissionais. Não creio que haja algum jornalista entusiasta da profissão que de fato escreva bem, como não há bons escritores que achem que escrever é a tarefa mais nobre do mundo.

Os bons jornalistas sabem que o jornalismo não é mais que médio, e por isso fazem algo melhor, sem presunção de auto-referência. O jornalismo é, aliás, quanto menos jornalístico, melhor. Quanto menos acadêmico, menos formal, menos "oh meu Deus, estou passando uma notícia, tenho que ser responsável", melhor. Os melhores professores são igualmente os que menos são professores, e eu não confiaria num advogado que acha que ser advogado é viver no paraíso.

Esse é, no fim das contas, o problema dos políticos: eles gostam de ser políticos, acham que sua profissão é nobre e coisas assim. Os políticos menos desnecessários são aqueles que desprezam a própria profissão, que conseguem enxergar a mediocridade de exercer um cargo cujo salário é tirado de pessoas que o odeiam e que se envergonhem por isso.

Para os profissionais engajados, tudo parece martelo para seu prego; aqueles que desprezam o que fazem, na verdade, vêem a real dimensão de sua profissão, e isso faz com que eles sejam realistas quantos aos efeitos de sua atividade (e, provavelmente, das demais): jornalista não dita nada no mundo, professores não criam o futuro, advogados não entendem tanto de justiça, historiadores não fazem ciência, políticos não ajudam em absolutamente nada, médicos não são responsáveis por todas as curas no planeta, sociólogos não mapeiam a vida em sociedade e determinam soluções.

Isso é que faz do desprezo a maior arma contra a mediocridade. Quem acredita que sua profissão é o máximo, não vai jamais fazer algo melhor. Vai apenas manter o ritmo e a qualidade do que faz. Quem sabe que sua profissão é medíocre se esforça para ser destaque, acaba se tornando bom e, de fato, importante.

Particularmente, duvido que Mencken visse o jornalismo como, sei lá, "uma forma categórica de mudar o futuro", e duvido que Wilde imaginasse a literatura como mais que a "arte de escrever", e duvido e Cole Porter via na música mais do que uma "porção de acordes que soam bem", e duvido que qualquer um que exerça sua profissão com o mínimo de senso de realidade veja a realidade como fruto de sua profissão.

Mas, meu Deus!, como estou chato ultimamente! Para não terminar tão chato assim, Debbie Reynolds cantando "If I had a hammer", que eu gostaria de pôr o link no título, se soubesse como.

04 fevereiro, 2007

A sua dimensão é a dimensão do seu sorriso

Na poltrona à minha frente vinha sentado um rapaz que não parava de se mexer, reclinar a poltrona e voltá-la para a vertical, falar só, bater palmas, subir e descer a cortina da janela e muitas outras coisas, como chamar ininterruptamente a aeromoça, pôr a mão na luz e abrir e fechar o ar-condicionado. Fiquei três horas imaginando se ele teria algum problema mental, como a Clarinha da novela, que é muito bonitinha, inclusive, ou se era de um interior muito interior e estava pela primeira vez vendo um avião.

Quando pousamos, ele viu uma menina de uns três ou quatro anos e começou a conversar com ela "nossa, como você ficou quietinha! Foi tudo bem? Correu tudo direitinho?". Imagino que se ela ficou quieta é porque estava tudo bem, mas ele não era astuto como eu, teve que perguntar. Várias vezes.

Ao me levantar, olhei para ele - matuto? down? Não. Gordo. O tipo do gordinho simpático, que conversa com qualquer pessoa, mesmo que não se queira conversar com ele. Que ajusta a luz conforme a vontade de quem se senta a seu lado, regula o ar-condicionado para o bem geral e usa camisas de cor laranja com listras horizontais, pra ficar mais gordo e mais simpático.

Eu acredito que a dimensão lateral da pessoa é a dimensão de sua simpatia. Os limites aceitáveis são, inclusive, amplos: de vinte e cinco a sessenta centímetros de distância entre os extremos esquerdo e direito da cintura. Abaixo do mínimo, a pessoa se torna antipática; acima dele, torna-se um sorriso gorduroso ambulante.

01 fevereiro, 2007

Sidney Sheldon conhece o outro lado da meia-noite

Morreu o meu escritor preferido em infância. Não sei se deixou muito para a herdeira, ou se, no reverso da medalha, deixou apenas dívidas. Sheldon conheceu o lado bom da vida e também a outra face, aquela em que ele se via como um estranho no espelho. Mas estava escrito nas estrelas: ele não viveria para o juízo final. Por um capricho dos deuses, as areias do tempo se esgotaram na ampulheta da vida de Sheldon. Manhã, tarde e noite ele se dedicou a escrever e, se não despertou a ira dos anjos, é porque suas lembranças da meia-noite possibilitaram o plano perfeito: "quando o céu está caindo um lado meu chora, o outro lado de mim sabe que nada dura para sempre, apesar de 89 anos parecerem uma eternidade".

Quem tem medo do escuro saia, pois vou apagar a luz e fechar o blog por três dias. Quem não tem, fique e conte-me seus sonhos, que eu ficarei meio entediado nesses três dias no escuro.

E me desculpem o texto meio clichê, mas amanhã eu me arrependo. Se houver amanhã.