30 janeiro, 2006

Não vale a pena nem ler...

Não sei se deveria perder meu tempo aqui falando disso, mas já que não tem nada melhor pra fazer, fá-lo-ei. É uma notícia de extrema relevância para nós, das classes D e E, que vi no cabeleleiro (assim estava escrito na parede externa do salão), no jornal Valor Econômico de hoje.
"Aquisição na China"
"O banco de investimento Goldman Sachs, a seguradora Allianz e a empresa de cartão de crédito American Express (Amex) assinaram sexta-feira acordo para comprar 10% do Industrial & Commercial Bank of China...".
A notícia se extende explicando valor de compra e outras besteiras.
Onde está, nessas horas, o nacionalismo? Onde fica o orgulho chinês? Privatizar um banco? Que absurdo! Aliás, onde fica o orgulho brasileiro? Pra que uma notícia dessas? Qual a influência disso no mercado de arroz e feijão? Ora, bolas! Um jornal como esse está OBVIAMENTE discriminando os menos desfavorecidos! São cifras de bilhões, gente! Bilhões!

E eu que sempre sonhei em ganhar no BBB...

21 janeiro, 2006

Calypso

Geralmente os ricos são metidos a intelectuais. Para tanto, fingem odiar qualquer música surgida depois da década de setenta. No intento de fazê-los pensar de maneira diferente publico aqui a minha interpretação para o trecho inicial da música Cavalo Manco, do Calypso:

"Não pára não, vem cá, me dá a tua mão
Quero que sinta toda essa emoção
Cavalo manco, agora, eu vou te ensinar
Isso e muito mais você só vai encontrar em Belém do Pará"

OBVIAMENTE essa música é um protesto tardio contra a ditadura militar:
- O Primeiro verso conclama todas as pessoas a se unir em torno de um propósito único, a luta contra a ditadura;
- O segundo verso explica como a ditadura faz sofrer aqueles que vivem com sua presença - a emoção, no caso é negativa, e é por isso que, no momento que ela canta isso, ela dá uma desafinada;
- O terceiro verso é uma das metáforas mais bem elaboradas da história: o cavalo manco é, na verdade, a ditadura, que ostenta força mas que manca, ou seja, tem um ponto fraco onde deve ser atacado;
- O último verso é uma especificação do ponto fraco da ditadura: o pequeno poder que havia na época da ditadura sobre o estado do Pará, ainda não muito bem comunicado com o restante do país por conta de atrasos na construção da transamazônica, ou seja, o melhor lugar para se começar a revolução pretendida.

Então, Calypso é ou não é o novo Chico Buarque (em forma de banda, claro)?
P.s.: ficarei sem postar por mais ou menos uma semana por que vou pro fim do mundo!

20 janeiro, 2006

Branquinho uma ova!

Hoje eu definitivamente me indignei. Imagina só, eu andando pela rua quando, de repente, um homem solta: "ei, branquinho"... Insuportável. Não é por que minha pele é branca que eu seja branco. Eu sou negro!!! Ser negro é estado de espírito, é ter ciência da miscigenação que cria a cultura diversificada do nosso lindo país! Eu sou negro!!!
Nunca pude imaginar ser confundido com um branco!!! Eu sou da favela, "tá ligado"? Isso de chamar de branquinho é racismo, claro! Certamente ele achou que eu me ofenderia se eu fosse chamado de negro! Onde já se viu? Só no Brasil, mesmo, uma pessoa se ofender por ser chamada de negra... Nos Estados Unidos certamente a coisa seria diferente! Ele me chamaria de negro. Ora, pois! Lá eles não têm esse preconceito típico do brasileiro! É que o Brasil insistiu em difundir essa idéia do preconceito. Eu sou contra qualquer tipo de preconceito. Se eu fosse branco não me incomodaria de ser chamado de negro. Só me incomodei por que foi ao contrário e nós negros carregamom marcas profundas em nossa história. Nós negros já fomos escravos!!! O branco deve tudo a nós, negros, e ainda discrimina! Viva a raça negra! Viva o axé! Viva o candomblé! Viva a Bahia! Viva a África!!!
P.s.: sobre a África, andam dizendo por aí que é um continente pobre, de miséria, mesmo. Eu discordo! Cerca de 60% dos cidadãos da Nigéria, por exemplo, são alfabetizados! É mais da metade (é?)... Por isso que eu sou contra qualquer manifestação do racismo! E morte aos branquelos!!!

19 janeiro, 2006

Metendo o bedelho

Como nós, membros brasileiros da classe dos menos favorecidos (classes D e E), já estamos cansados de ouvir na televisão comentários estúpidos sobre tudo, resolvi me manifestar com a ciência de que somentes nossa classe é capaz, ou seja, com embasamento.
Lá vão os meus pitacos:

  • Economia: acho que se todo mundo economizar direito, dá pra fazer muita coisa com o dinheiro que sobra. Eu, por exemplo, parei de comprar sal pra temperar a comida. Com esses trinta centavos economizados a cada dois meses (e com alguma renda extra, admito) eu pude comprar o meu computador popular por mil duzentos e cinqüenta reais. Parcelado em trinta e seis vezes e com os juros muito baixinhos...

  • Saúde: o sistema deve estar funcionando muito bem, já que tem tantas filas nos hospitais públicos. Sabe como é: ninguém pega fila pra não ser atendido!

  • Educação: esse quesito é o melhor. OBVIAMENTE está muito bem! Olhem o meu exemplo: fiz um supletivo e quase passei na primeira fase do vestibular da universidade federal. Ainda passei numa particular com concorrência de 0,78 pra um. Não sou bom em matemática, isso é muito?

  • Lazer: as praças estão cada vez mais bonitas. Principalmente as cercas coloridas que colocam em volta delas pro povo não invadir e deixá-las feias

  • Futebol: acredito que o governo tem feito bons investimentos na área, com excessão da abertura do mercado para o Mercosul. Tá tendo uma invasão de argentinos!

  • Cultura: Gil tem feito excelentes trabalhos aqui. Os shows do U2 e dos Rolling Stones até que são bonzinhos, mas o melhor mesmo é o estímulo ao Calypso. Surpreendente como o programa da Xuxa.

Enfim, todos os quesitos vão bem no Brasil! E viva nossa pátria amada!!!

17 janeiro, 2006

Pela volta do copo de requeijão!

Indigno-me ao pensar no que fizeram com os copos de requeijão. A maior fonte de "louças" da minha casa esvaiu-se e agora limita-se a duas ou três marcas (caríssimas, por sinal) de requeijão. Até a Nestlé (sim, a Nestlé) mudou seu copo para o copo plástico. E o pior: copo plástico com uma dobra horrível na extremidade. Dobra que machuca o beiço quanto tentamos tomar nossa umazinha. Desconfortável. Inicio aqui o movimento pelo requeijão barato em copos de vidro. Eu não posso comprar requeijão E copos de vidro. E me recuso a beber em copo plástico de requeijão. Sabe aqueles frescos, que só bebem vinho em cristais da Bohêmia e com uma pequena "fechada" na parte superior? Então. Eles exigem isso. Nós não podemos ficar por baixo! Temos que reivindicar algo! E esse algo é o típico, eterno copo de requeijão de vidro. Ninguém (das nossas classes, D e E, claro) pode pagar quatro reais pra comer um pão e guardar o copo. Bom mesmo era quando com dois reais você comprava o requiejão no copo e ainda vinha ilustrado. As crianças adoravam. Mas não... Eles não se contentaram em tirar apenas o copo de vidro e tiraram as ilustrações divertidas também! E nos que ainda têm copo de vidro o selo com a validade não é mais no fundo do copo! É do lado, pra intimidar aqueles que ousem beber água nesse copo. Você é forçado a ver que aquele era um copo de requeijão. Assim não dá mais! Façamos uma greve de requeijão (se bem que, pelo preço do requeijão, a nossa greve é bem forçada).



Em tempo: como BBB é considarado coisa de pobre, deixo registrada minha queixa quanto à saída da Juliana, que é muito mais bonita que a Inês! E no BBB o que chama a atenção é, digamos, a beleza!

16 janeiro, 2006

Poder de síntese...

Diz um colega meu que um professor dele diz que poder de síntese demonstra inteligência. Eu concordo com ele e acho que é exatamente isso que nos diferencia (a nós, que somos das classes D e E) dos que ganham mais dinheiro. Quero dizer, nós, das classes D e E conseguimos falar muito mais coisas em pouco espaço que as pessoas ricas da classe A, por exemplo. Só falamos o indispensável, ou seja, o que não se pode deixar de falar por que senão a explicação fica incompleta. Não somos como essas pessoas que acham que para dar credibilidade ao que falam embasam tudo em teorias filosóficas porque confiamos nas pessoas com quem conversamos (vide as conversas com políticos que nos visitam, a nós pobres, em época de eleição, por exemplo). Dito isso, eu posso afirmar com veemente certeza que nós pobres somos muito mais inteligentes que esse pessoal da elite, esses burgueses que acreditam que é preciso explicar tudo, e não só o indispensável. Acho isso um absurdo, já que a confiança no próximo deve existir, sem moderação. Moderação deve existir, isso sim, no consumo do álcool, nisso sim... Bebidas alcoólicas são o motivo de grande parte das tristezas do povo e dos acidentes de carro (nesse caso, o assassino é, pelo menos, classe C, por que, para atropelar, bicicleta não serve, apesar de nos levar onde queremos ir). Nisso deve existir moderação. Na confiança não. A confiança deve existir.

Viu como é fácil ser sintético? Mas isso é uma coisa que só nós, pobres, conseguimos fazer. Falei muito mais coisas importantes que o Fidel em muito menos tempo de discurso. Por que ser pobre é ser inteligente!

De mosquiteiros...

Pronto... Só faltava essa... Cansei! Definitivamente, cansei! Não agüento mais aquele mosquitinho buzinando no meu ouvido. Bzzzz... Bzzzz... Saco!!! É difícil ser pobre. Ainda mais com meu mosquiteiro furado... Esses tecidos (ou sejá lá como se chamem os materiais de que são feitos os mosquiteiros) deviam ter um pouco mais de resistência. Ou então, sei lá, não ter poros... Sabe como é... a gente rasga um pedacinho, rasga outro, daí a pouco o circo está feito - desfeito, aliás, porque se o mosquiteiro não é um circo não sei do que se trata. E descostura tudo mesmo. Sem dó! Nunca mais eu compro um mosquiteiro barato. Nunca mais eu compro um mosquiteiro. Prefiro economizar o dinheiro e pagar as parcelas da geladeira que estão atrasadas. É isso. Hoje só escrevi pra falar do mosquiteiro e de como sofre um homem que não tem dinheiro pra comprar um repelente elétrico. Ou pra comprar um apartamento longe do canal e no 35º andar. Mas aí já são outros quinhentos. Quinhentos mil.

15 janeiro, 2006

Primeiro post.

Criei este blog basicamente pra falar nada... só pra escrever um pouco quando estiver muuito entediado! Sabe como é, né? Satisfazer o ego dizendo "publiquei um texto". Mesmo que seja na internet. Mesmo que num blog gratuito. Mesmo que não escreva nada direito. Eu sou da classe D. Ou sou da classe E, sei lá!

Teoricamente eu não teria tempo pra ficar em casa sem fazer nada. Teoricamente eu não teria computador em casa. Teoricamente eu não saberia escrever. Mas tudo mudou desde que comprei minha compacta print. Hoje tenho um emprego fixo e isento de imposto de renda, tenho computador e tive tempo pra fazer um supletivo e aprender a escrever. Fora o tempo livre que tenho. Nos intervalos entre uma camisa prensada e um boné eu escrevo alguma coisa. Por isso esse meu primeiro post é mais uma recomendação pra quem trabalha de verdade e não tem tempo pra fazer um blog ou pra quem não tem dinheiro pra comprar um computador por que não tem emprego: compre uma compacta print. Vai ganhar dinheiro sem trabalhar, sem esforço e, ainda por cima, vai deixar de ser pobre e enfrentar as filas de emprego e da previdência... ou pode continuar com as da previdência como verba extra, afinal, pro governo você é um desempregado. Finito.