29 agosto, 2008

Nós

Eu sonho em aprender diversos tipos de nós, mas numa aula de verdade, com um marinheiro ensinando tudo, de uniforme e tal, explicando nomes e contando histórias de como aqueles nós já salvaram a vida dele.

Ele faria um nó daqueles que parecem uma borboleta, ou uma algema, e contaria que precisou dele quando fugia de um seqüestrador terrorista na Macedônia para prendê-lo pelos pés e levá-lo à cadeia em Skopje, onde ele confessaria, após ser atado por outro tipo de nó (e ele faria o nó, amarrando, como na história, um aluno voluntário numa carteira, que perderia o nó, mas ficaria feliz em ajudar).

Outro nó o salvou da morte certa, porque "é o melhor tipo de nó pra se jogar numa raiz de árvore quando se está caindo de um precipício". A vida como nos desenhos. E também os nós mais simples: "o nó cego", ele diria, sempre ao mesmo tempo em que executaria os movimentos em câmera lenta, para acompanhar sua frase, "ganhou esse nome porque foi o nó que usaram pra prender Santa Luzia quando ela foi torturada e teve seus olhos arrancados", e nesse momento ele ganharia uma expressão muito séria, e algum aluno mais atencioso teria visto um brilho lacrimal no seu olho, "por isso não deve ser usado em qualquer ocasião, é heresia".

O nó corrente foi desenvolvido pelos egípcios; o nó triplo era usado na multiplicação; Jesus Cristo amarrava sua túnica com um nó laçado, por aí afora. Até que todos nós, exaustos diante de tanto conhecimento despejado de uma vez só, pensássemos seriamente em fazer um nó de forca. Aí a aula acabaria, e voltaríamos felizes pra casa, conhecendo a história do que temos nos nossos cadarços.

23 agosto, 2008

People come, people go. Nothing ever happens.

Final de agosto, eu disse? Não está cedo demais, está? Volto antes que o galo cante, mas pouco depois da aurora, para trazer notícia nenhuma, de lugar nenhum.
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A não ser que, aqui em Recife, pelo que tenho visto, as melhores propostas políticas (parece-me que estamos em campanha) vêm todas da esquerda, de onde esperamos que saia sempre um novo Hitler ou, não sei, um novo Paulo Coelho.
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Agora que comecei a ler Fuenteovejuna, do Lope de Vega, e logo depois do prefácio biográfico, descobri que a maior parte do ódio de Cervantes por ele era inveja do fato de ele ter se deitado, dizem, com tantas mulheres quantas foram as peças que escreveu - prolífico, foram 1500. Se o mesmo valesse pra Cervantes, ele teria tido apenas uma meia dúzia, embora uma delas fosse miss Espanha 1605.
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Tenho visto bons filmes ultimamente. Hoje vi Grande Hotel, ontem vi À meia-luz, e anteontem foi a vez de Vertigo. Difícil dizer qual é o melhor dos três, então eu digo aleatoriamente que Grande Hotel é o pior, simplesmente porque não sei viver sem hierarquizar tudo. Ainda assim, está bem longe de ser ruim. Muito longe de ser ruim. E a essa altura começo a achar que sequer é o pior. Darn it.
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Nas minhas férias, um dia típico se resumia a Comer, dormir e ver novela. Foi então que passei a torcer imensamente pela Donatela, contra a Flora, e pela morte do Murilo Benício (o personagem e o ator). Foi nesse mesmo período que, de ser humano, me tornei uma porca redonda pronta para o abate, com toucinho o bastante pra alimentar toda a população faminta de Cuba, que talvez nunca tenha visto toucinho na vida, e cumprir, assim, sua principal missão na terra.