29 agosto, 2008

Nós

Eu sonho em aprender diversos tipos de nós, mas numa aula de verdade, com um marinheiro ensinando tudo, de uniforme e tal, explicando nomes e contando histórias de como aqueles nós já salvaram a vida dele.

Ele faria um nó daqueles que parecem uma borboleta, ou uma algema, e contaria que precisou dele quando fugia de um seqüestrador terrorista na Macedônia para prendê-lo pelos pés e levá-lo à cadeia em Skopje, onde ele confessaria, após ser atado por outro tipo de nó (e ele faria o nó, amarrando, como na história, um aluno voluntário numa carteira, que perderia o nó, mas ficaria feliz em ajudar).

Outro nó o salvou da morte certa, porque "é o melhor tipo de nó pra se jogar numa raiz de árvore quando se está caindo de um precipício". A vida como nos desenhos. E também os nós mais simples: "o nó cego", ele diria, sempre ao mesmo tempo em que executaria os movimentos em câmera lenta, para acompanhar sua frase, "ganhou esse nome porque foi o nó que usaram pra prender Santa Luzia quando ela foi torturada e teve seus olhos arrancados", e nesse momento ele ganharia uma expressão muito séria, e algum aluno mais atencioso teria visto um brilho lacrimal no seu olho, "por isso não deve ser usado em qualquer ocasião, é heresia".

O nó corrente foi desenvolvido pelos egípcios; o nó triplo era usado na multiplicação; Jesus Cristo amarrava sua túnica com um nó laçado, por aí afora. Até que todos nós, exaustos diante de tanto conhecimento despejado de uma vez só, pensássemos seriamente em fazer um nó de forca. Aí a aula acabaria, e voltaríamos felizes pra casa, conhecendo a história do que temos nos nossos cadarços.

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