29 junho, 2006

Ele nasceu com apenas um dos cinco sentidos: o paladar. Como era muito inteligente, aos treze anos já sabia tudo quanto se pode saber de matemática, física, química e economia.
Decidiu ser professor. Para expressar-se, desenvolveu um método muito iovador: mastigava durante a aula e cuspia os vários alimentos em diferentes formas.
Abacaxi verde em formato triangular, cuspia em dia de prova. Cuspia bagaço de cana para simbolizar dia de conteúdo complicado, assim em diante. Os alunos vibravam quando ele cuspia bacon macerado: intervalo.
Para tirar suas dúvidas, os alunos tiveram que aprender seu método, jogando-lhe dentro da boca os alimentos mastigados.
Hoje é lembrado como o melhor professor que aquela escola já teve.

Notas

- As pessoas deveriam parar de buscar conhecimento e de tentar refutar idéias naturais. O mundo seria muito melhor se ninguém comesse manga com leite;

- Perguntei a um amigo o que era a arte. Respondeu-me que arte é o que agride os olhos. Imediatamente dei-lhe um soco no olho direito;

- Ontem, meu leitor, completei dezenove anos. Rugas nasceram em minha testa e meu cabelo caiu. Agora paro de digitar, porque a artrite está atacando.

25 junho, 2006

Justiça real

Se eu fosse rei, decretaria a proibição de pessoas feias na televisão. Acontece que eu, justo que sou, não acho certo que crianças vejam a Tia Nastácia do Sítio do Pica-pau Amarelo. Eu, já adulto, tenho pesadelos quando vejo pessoas como ela. Fico mesmo impressionado e dou gritos de medo quando a vejo bater com a vassoura no pobre Marquês de Rabicó, "oh, oh, oh", "socorro". Aquela ira em seu rosto, Deus, é a visão mais desesperadora que se pode ter. Eu diria, se fosse suficientemente clichê, que é a visão do inferno.
Também decretaria, no mesmo dia, que pessoas gordas só poderiam aparecer na TV depois das dez da noite, hora em que todas as crianças estariam dormindo obrigatoriamente, sob pena de enforcamento para aquelas que se mantivessem acordadas (mas, oh, nenhuma se manteria. Eu seria um rei amado e respeitado. Todos fariam de tudo para me agradar, porque meu sangue seria [e de fato é] puro e azul). Não me agrada saber que todos os dias crianças vêem gordas felizes na TV. Me incomoda bastante, de fato, pois crianças, inocentes, coitadas, não sabem distinguir ficção de realidade e, por isso, passam a acreditar que podem existir de fato gordos felizes.
Pessoas gordas e feias, além de não poderem aparecer na TV, seriam todas enforcadas. Obviamente, não os enforcaria da maneira tradicional, em praça pública, pois teria amor pelo meu povo e nunca aceitaria que vissem essa cena. Seria tudo feito num quarto escuro, em que sequer o algoz veria o gordo feio. Dessa forma, as pessoas poderiam andar felizes pelas ruas sem deparar com um sorriso falso de uma gorda feia. Meu país seria um grande pólo de atração de imigrantes, mas apenas imigrantes altos e bonitos receberiam passaporte. Ora, eu nunca permitiria que criminosos entrassem em meu país.

20 junho, 2006

Lógico

1 a 0 contra a Croácia. 2 a 0 contra a Austrália. A partir desses dois fatos deduzo, com base na lógica, que todos os jogos do Brasil seguem uma P.G. crescente de razão dois e origem um. Contra o Japão, portanto, o resultado será um inevitável 4 a 0. Nas oitavas, contra Gana, 8 a 0. A final seria uma goleada de 64 a 0, mas todo o time vai ter uma virose estranha e perder por 3 a 0. Dois gols de Zidane. É lógico.

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Falha lógica:
Lúcio e Juan não sabem se posicionar em campo.

19 junho, 2006

"E aí, cara?"

Titubeei antes de atribuir este título a meu post. Pensei durante horas e horas e horas, mas não consegui usar do bom-senso desta vez, peço que me perdoem.
Oh, leitor malvado, não me atire pedras! Pára, pára! Por favor, na cabeça não. Prometo ler Chesterton para você mais tarde, se você parar. Obrigado. Pois bem, como eu dizia, nunca faça amizade com alguém que fale "e aí, cara, vamos discutir poesia?". Quando, se um dia fizerem isso comigo, eu nobremente tirarei minha luva e com ela estapearei o bruto, num desafio a um duelo amanhã às cinco.
Pior ainda, oh, céus, não esperaria até o dia seguinte, se me chamassem para divagar sobre o modernismo ou lucubrar acerca da filosofia contemporânea. Nesse caso, empunharia minha espada e esgrimiria imediatamente, mesmo ali.

18 junho, 2006

As aventuras da família Perfeita - parte II

No shopping

Foram ao shopping Papai, Mamãe, Filho, Filha e Cachorro. Quando barraram Cachorro na entrada, foram embora. Filho Perfeita, idignado, bolou um plano para entrarem todos no shopping juntos.
No dia seguinte voltaram todos, o Papai com óculos escuros. Quando barraram o Cachorro, Papai Perfeita disse ser cego e Cachorro tratar-se de seu cão-guia. Entraram felizes no shopping, comeram no McDonald's e brincaram nos carrinhos de bater e no carrossel, porque Filha Perfeita era muito nova pra esses brinquedos perigosos.
O guardinha do shopping, no entanto, viu Papai Perfeita falando que o brinde do McLanche feliz era "o mais lindo de todos", percebeu que ele não era cego e começou a perseguição. Os Perfeitas correram de mãos dadas e rindo, desviando das gordas felizes que atrapalhavam o caminho, chegaram ao carro e foram pra casa, todos rindo e cantando "mil garrafas de cerveja no muro".
No caminho, Cachorro fez xixi no colo de Filho Perfeita, que riu. Papai Perfeita deu uma bronca emCachorro porque molhou o banco de seu carro. E desculpou-se, depois, lembrando de que quando chegassem em casa seria Cachorro quem levaria o jornal para ele, sentado na poltrona de couro assistindo à final do campeonato de baseball.

12 junho, 2006

Músicas

Quatro das cinco melhores músicas do mundo estão aqui.
A outra eu não compartilho com ninguém.

11 junho, 2006

As aventuras da família Perfeita - parte I

A Família

Mamãe Perfeita: Loira, apaixonada por papai perfeito e excelente cozinheira. Deixou de trabalhar para cuidar da família. Faz panquecas para Filha, biscoitos para Filho e ovo com bacon para Papai. Sensível e preocupada sempre com a alegria de seus filhos, Mamãe convenceu Papai a ficar com Cachorro.

Filha Perfeita: Loira, como a mãe, é a caçula da família. Foi ela quem insistiu para ficarem com Cachorro, que a seguira até sua casa. Disciplinada, acompanha a mãe na cozinha e adora comer panquecas no café da manhã.

Filho Perfeita: Moreno, parece com o pai, fisicamente. Tem uma casa na árvore onde meninas não podem entrar e uma turminha de amigos que o ajudam a aprontar com as meninas, pois é um menino traquinas. Faz de tudo por um biscoito, subindo em cadeiras para tirá-los do pote sobre a geladeira escondido da Mamãe, antes do almoço. Mamãe sempre nota a falta dos biscoitos e reclama suavemente com Filho.

Papai Perfeita: Tem cabelos pretos, está sempre em boa forma física, tem um bom emprego numa firma, uma casa grande com um porão onde guarda fotos de seus pais e avós. Gostaria de assistir aos jogos de baseball de Filho, mas sempre tem um almoço de negócios com o patrão e a secretária bonitona que dá em cima dele. A princípio permitiu que Cachorro ficasse apenas por uma noite em sua casa, mas a meiguice de Cachorro, o olhar suplicante de Filha e a birra de Filho, aliados ao pedido todo especial de Mamãe o fizeram mudar de idéia.

Cachorro: É um labrador creme que busca o jornal para Papai todos os dias de manhã e come o fígado do almoço que Filho não quer comer. Mamãe nunca percebe. Cachorro ainda protege Filha de acidentes com bueiros e Filho dos valentões do bairro e consola Mamãe quando ela está preocupada com Papai, que ainda não chegou do trabalho às oito da noite. Sempre faz xixi no banco de trás do carro e briga pra ir na janela com a língua de fora.

Uma história da humanidade

A história da humanidade coincide com a história do futebol: em 1930, o Uruguai era o país mais rico do mundo, com uma economia interna super-desenvolvida. O Brasil é imperialista e invade todos os outros países sem pena. É um grande tirano, realmente.


Não importa se a economia desses países se desenvolve com a invasão brasileira. O que se não pode admitir são os nomes feios dos brasileiros sendo gritados em línguas nobres, como o inglês. "Obiiiiiiiina", por exemplo, deve ser condenado pela comissão de direitos humanos da ONU. Não se torturam os prisioneiros de guerra, pombas.

06 junho, 2006

Dois filmes

Moça com brinco de pérola é lindo, incluindo os atores*

A cor púrpura é lindo, apesar dos atores**



*Só a Scarlett Johansson é realmente bonita no filme. Vale por todos.
**Whoopi Goldberg, Oprah Winfrey...

Frases para o Rodrigo Netto, ex-Detonautas, atual defunto

*Mataram o guitarrista do detonautas. Devia ter feito isso quando tive a chance.

*Morreu? Antes ele que eu.

*Agora só faltam o baixista, o vocalista, o baterista...

*E onde estava o Jota Quest nessa hora?

*Coitado, se tivesse uma arma em punho a história seria diferente.

*Era Detonauta, foi detonado.

Pão por quilo

Não há nada tão deselegante qunto pedir "cem gramas de pão". Pão deve ser vendido por unidade. "Dois pães". Elegante, sintético, tradicional. Eu nunca mais comerei pão, se tiver de comprá-lo por quilo. Provavelmente nos becos da cidade alguma padaria clandestina continuará vendendo os pães como devem ser vendidos - um a um. Imaginem vocês eu ir a uma padaria e pedir "meio quilo de pão", como quem compra carne. Aí o atendente me volta com nove pães e meio. E me obriga a comprar "quinze gramas a mais, que não deu pra cortar". Eu sou contra, contra, contra. Não como "cinqüenta gramas de pão" mas um pão inteiro. Pese ele 50 gramas ou 3 quilos. Não me importa. quero pão por unidade.

Logo venderão bananas por cento e feijão por unidades de grão.

O triste retorno.

Fui à Irlanda. Lá conheci a Wanda e lá nos casamos, na Catedral de St. Patrick*.
Estou de volta a Recife e o que minha expressão mostra não é contentamento. É tristeza. Descem lágrimas dos meus olhos.
Pobre Wanda! Tão nova e já morta. Acometida por um câncer raro, coitada. Tão pura, tão casta, tão ruiva, tão esbelta.
O que me resta, leitor, é a sua permanente companhia. Fico feliz por ter leitores como você. Você mesmo. É divertido.
Outros leitores, insensíveis, certamente pensaram "ótimo, ele é só nosso novamente, viverá pra escrever". Desse leitor não faço questão. Quero que ele vá namorar uma mulher cancerosa. E que ela morra. Sou extremamente vingativo.
Mas você, leitor a que me dirijo, você teve pena de mim. Acolheu-me nos ombros e gentilmente cedeu-me um lenço para enxugar as lágrimas. Obrigado.
Estou de volta à vida normal, mas perdi a esperança de casar-me novamente. A não ser que alguma leitora saudável, bonita, simpática, ruiva e sardentinha se manifeste e me peça em casamento.
Antes que me perguntem, eu aceito.
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*Catedral de Saint Patrick