Eu queria muito colocar umas piadas de Freddy e Fredericka aqui, pra que vocês gargalhassem e espantassem seus roommates no andar inferior. Mas, meus amigos, é impossível. As piadas parecem todas estar tão ligadas ao enredo do livro que nem o Ahlahbahmah ali no título faz sentido pra vocês, pobres diabos. Parece que Freddy e Fredericka é o tipo de livro que precisa ser lido. Não dá pra contar muita coisa sobre ele sem estragar algo pra ser engraçado ou ser sem graça para não estragar nada.
Também me parece o tipo mais difícil de livro de se traduzir. São muitos, muitos, muitos trocadilhos. A mesma impossibilidade de traduzir "wit" é a impossibilidade de traduzir a aplicação dele. Talvez, acreditem, esse livro nunca seja traduzido para o português, o que pode ser uma grande, enorme perda. A menos que você, meu leitor, grande conhecedor da essência do wit, decida fazer esse trabalho que, se bem feito, vai render pelo menos um bom elogio (o meu), Freddy e Fredericka está condenado a dormir eternamente em inglês nas prateleiras das livrarias.
Agora perguntem-me da história. Obrigado. Não vou responder. Não tenho muito o que falar, ainda estou na metade. Quer dizer, já conheço toda a burocracia da sucessão do trono inglês, conheço um cigano, Tories e Labours e motoqueiros que se vestem de neo-nazistas e querem matar alguém famoso com sabres, não nessa ordem. Mas o que mais me admira no livro até agora é a Fredericka, que vai ganhar um parágrafo grandão só pra ela aqui embaixo, veja:
Sem dúvida Fredericka tem a melhor personalidade que uma Princesa de Gales pode ter. É completamente fútil, mas surpreendentemente inteligente (e também seria incapaz de uma construção frasal tão esquisita quanto esta). Eu me sinto mal antecipadamente por saber que vou escrever o que segue, mas Fredericka é quase um "outro lado" de Freddy. Ela é mais razoável, Freddy é instintivo - e droga, já não é mais um parágrafo só pra Fredericka -, embora o que se diga seja quase sempre que Freddy é inteligente e Fredericka apenas atrai a atenção por ser bonita e ter bom gosto para roupas. Esse é talvez o melhor trabalho de Mark Helprin no livro (depois do humor tão bem aplicado), essa criação de Fredericka um tantinho ambígua. Embora esteja posto para o leitor que tudo o que se diz sobre ela é superficial, as entrelinhas do livro estão quase escritas, de tão claras que são, e, acreditem, eu quase me orgulhei de ter escrito essa frase feia aí, porque acho que é uma observação que precisa ser dita. E as entrelinhas dizem que Fredericka é o tipo de mulher que qualquer homem quer.
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