10 dezembro, 2006

Retratação com o povo brasileiro

É triste, pessoal, mas eu errei em meu julgamento sobre o povo brasileiro. Apesar disso, vocês não imaginam como estou feliz: descobri hoje que há, sim, gente inteligente - ou espertinha, pelo menos - em nosso país. Foi no ônibus, indo buscar um amigo de um amigo na rodoviária, que ouvi o diálogo que segue, entre um homem, cerca de trinta anos, mal vestido, que conversava com um jovem, de uns vinte e três, também maltrapilho, enquanto passávamos em frente à Sudene:

H - Parece que vão reabrir a Sudene, né?

J - É. Esse antro de corrupção, o paraíso do desvio de verba. E a Sudam também. :¬( [ele realmente fez essa cara de emoticon triste, que eu achava apenas simbólica]

(...)

J - E você viu que Eduardo Campos, nem assumiu, já disse que não vai dar pra baixar a conta de luz? Assumiu isso só como promessa de campanha.

[De alguma forma o assunto chegou até aqui. Eles vinham falando de corrupção e etc. e descambou pra esse lado]

H - A coisa mais estúpida que alguém pode prometer, né? Baixar conta de luz, como se a Celpe não fosse uma empresa. Se neguinho chegasse no "Mercado de Pai" pra baixar preço, uma porra que eu baixava. A gente precisa ganhar pra viver. A Celpe tá mais é certa.

J - O problema é que ela tem esse monopólio escroto. Deviam deixar o povo abrir mais empresas de energia. Não sei pra quê esse negócio de uma empresa só.

H - Se o "Mercado de Pai" fosse o único mercado da cidade a gente era rico, mas ia ter bem mais pobre por aí. Quero nada. Quero mais é escolher o que comprar.


Depois eles falaram do monopólio da telefonia, da privatização da Petrobrás e mais sete mil assuntos, todos assim, bonitos. Acompanhando sempre a música ambiente, uma sessão infinita de Roberto Carlos numa rádio que não pude identificar. "Sou taxista, tô na rua, tô na pista. Não estou no palco, mas no asfalto eu sou artista".

Parece-me que o brasileiro continua com mau gosto pra música. Mas isso muda com o tempo, ah, se muda!

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