21 maio, 2007

Máxima

O que me incomoda nos ateus é sua recusa em escrever Deus com maiúscula mesmo no início de frases.
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Algumas coisas me envergonham bastante de mim mesmo. Uma dessas coisas é que eu nunca tenha lido autores que todos deveriam ter: Henry James, James Joyce, Jane Austen, Flaubert, Tolstói, Proust, Eliot, Waugh, Lewis, Wells e alguns outros. Comecei uma jornada para ler um livro de cada um deles e me livrar da vergonha que sinto. Mesmo que seja um livro pequeno - desde que cada livro seja pequeno, na verdade.

O livro que me fez iniciar a jornada foi de Balzac, "A menina dos olhos de ouro". Vou falar um pouco do que eu achei do livro.

As primeiras trinta páginas me fizeram dormir. Literalmente. O livro aberto sobre o peito, olhos fechados e baba; remela quando acordei. Possivelmente ronco. Paris parecia uniformemente bege-suja e entediante e eu quase achei bom que nunca tivesse lido Balzac antes. As pessoas parecem quase não ter qualidades. Depois o livro fica bom e a gente até se diverte com ele - e até simpatiza com o personagem principal - nem me lembro mais do nome dele, mas ele é legal. E o final é bom, também. Eu queria falar algo mais sobre o final, mas, pra ser sincero, só me lembro bem de coisas que o estragariam se eu contasse - vocês querem que eu diga se alguém morre de enfarto numa manhã ensolarada de domingo? E quem? Então, não vou dizer. E eu lembro que gostei. Depois de ler Balzac eu finalmente pensei que deveria começar a ler mais autores que nunca li por preguiça ou por achar que não valiam tanto.

Assim, terminado meu "Lord Emsworth acts for the best", li Ibsen. Ibsen, ao contrário de Balzac, não me fez dormir. "An enemy of the People" é ótimo e certamente vou ler alguma outra coisa dele, ainda. Tudo parece tão real, mas ao mesmo tempo os personagens são tão bem feitos (eu ia falar construídos, mas a minha consciência me disse que é errado usar esse tipo de palavra. Cito-a: "é errado usar esse tipo de palavra") que a realidade não incomoda. Inclusive agrada: consigo ver aquilo sendo encenado. E a briga entre irmãos é sempre um tema tão bom que talvez um dia eu escreva algo sobre isso.

E mais: o Brasil precisa de "Um inimigo do povo". Precisa de alguém como o Dr. Stockmann para equilibrar a quantidade de Peters que temos (não tá entendendo? Compre o livro e leia. Cinco reais a menos não matam ninguém. Ou leia na internet, mesmo.)

E agora lerei Henry James. Comprei "The Aspern Papers". Torçam pra que eu goste e não abandone minha leitura de novos bons autores. Alguma sugestão?
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VÃO COM dEUS.

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