A primeira parte você encontra aqui.
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Capítulo II
Eles foram encontrados do lado de fora por um grande grupo de seus concidadãos, que os tinham acompanhado até o Palácio, e que tinham gastado seu tempo desde a partida deles ouvindo alternadamente pelo buraco da fechadura da porta da frente. Mas como a Sala de Audiência ficava do outro lado do Palácio, e se separava da porta da frente por duas outras portas, um lance de escada, e um longo corredor, eles não tinham ouvido muito do que acontecera lá dentro, e cercaram os três porta-vozes quando eles saíram, e os questionaram interessadamente.
“Ele cortou o imposto sobre geléia?” perguntou Ulric, o ferreiro.
“O que ele vai fazer quanto à taxa de biscoitos sortidos?” gritou Klaus Von der Flue, que era um limpador de chaminé da cidade e amava biscoitos sortidos.
“Esqueça o chá e os biscoitos sortidos!” exclamou seu vizinho, Meier de Sarnen. “O que eu quero saber é se ainda teremos que pagar pra cuidar de ovelhas.”
“O que o Governante disse?” perguntou Jost Weiler, um homem prático, que gostava de ir direto ao ponto.
Os três porta-vozes olharam um para o outro um pouco duvidosos.
“Be-e-em,” disse Werner Stauffacher afinal, “na verdade, ele realmente não falou muito. Foi mais o que ele fez, se vocês me entendem, do que o que ele disse.”
“Eu deveria descrever Sua Excelência o Governador,” disse Walter Fürst, “como um homem que tem um jeito próprio – um homem que tem todos os argumentos nas pontas dos dedos.”
À menção de pontas dos dedos, Arnold de Melchthal soltou um uivo agudo.
“Em resumo,” continuou Walter, “depois de uma conversa muito interessante de poucos minutos ele nos fez ver que isso realmente não daria certo, e que nós devemos continuar pagando os impostos como antes.”
Houve um silêncio mortal por alguns minutos, enquanto todos se entreolhavam desanimados.
O silêncio foi quebrado por Arnold de Sewa. Arnold de Sewa tinha sido desapontado por não ter sido escolhido como um dos três porta-vozes, e pensou que se ele tivesse sido escolhido esse problema todo não teria ocorrido.
“O fato é,” disse ele amargamente, “que vocês falharam em fazer o que foram mandados fazer. Eu não menciono nomes – longe disso – mas eu não ligo de dizer que há algumas pessoas nesta cidade que poderiam ter dado melhor conta de si mesmas. O que você precisa em pequenos problemas desse tipo é, se eu posso dizer, tato. Tato; eis do que precisa. É claro, se você for apressadamente à presença do governador...”
“Mas nós não nos apressamos,” disse Walter Fürst.
“...Gritando que você quer que as taxas sejam abolidas...”
“Mas nós não gritamos,” disse Walter Fürst.
“Eu realmente não posso falar se sou constantemente interrompido,” disse Arnold de Sewa severamente. “O que eu digo é, vocês têm que empregar tato. Tato; eis do que vocês precisam. Se eu tivesse sido escolhido para representar o povo da Suíça nesse assunto – eu não estou dizendo que deveria ter sido, lembrem-se; eu somente digo que se eu tivesse sido – eu deveria ter agido da seguinte forma: Caminhando firme, mas não desafiador, à presença do tirano, eu quebraria o gelo com alguma observação simpática sobre o tempo. Uma vez que a conversa começasse, o resto teria sido fácil. Eu diria esperar que Sua Excelência tivesse jantado bem. Uma vez que o assunto fosse comida, seria a mais simples das tarefas mostrá-lo como as taxas sobre comida são desnecessárias, e todo o negócio teria sido agradavelmente decidido enquanto vocês esperassem. Eu não quero sugerir que o povo suíço teria feito melhor se tivesse me escolhido como representante. Eu apenas digo que é como eu teria agido que eles deveria ter feito.”
E Arnold de Sewa enrolou seu bigode e pareceu ofendido. Seus amigos instantaneamente sugeriram que deveria ser dado a ele tentar onde os outros três tinham falhado, e o resto do grupo, começando a acreditar uma vez mais, se juntou ao clamor. O resultado foi a campainha dos visitantes do Palácio tocar uma segunda vez. Arnold de Sewa entrou, e a porta foi fechada atrás dele.
Cinco minutos depois ele saiu, chupando o indicador da mão esquerda.
“Não,” ele disse; “não dá pra baixar os impostos. O Tirano me convenceu.”
“Eu sabia que ele iria,” disse Arnold de Melchthal.
“Então eu acho que você devia ter me avisado,” vociferou Arnold de Sewa, dançando de dor no seu dedo queimado.
“Estava quente?”
“Fervendo.”
“Ah!”
“Então ele realmente não vai nos livrar dos impostos?” perguntou o grupo com vozes desapontadas.
“Não.”
“Então só resta uma coisa,” disse Walter Fürst, respirando fundo, “nós devemos nos rebelar!”
“Rebelar?” exclamaram todos.
“Rebelar!” repetiu Walter firmemente.
“Nós vamos!” exclamaram todos.
“Abaixo o tirano!” gritou Walter Fürst.
“Abaixo os impostos!” gritou o grupo.
Uma cena de grande entusiasmo se seguiu. As últimas palavras foram faladas por Werner Stauffacher.
“Queremos um líder,” ele disse.
“Eu não quero me confiar a esse cargo,” começou Arnold de Sewa, “mas devo dizer, se eu for liderar...”
“E eu sei o homem certo pro trabalho,” disse Werner Stauffacher. “William Tell!”
“Um urra pra William Tell!” rugiu o grupo, e, aproveitando a deixa de Werner Stauffacher, eles irromperam na antiga e grande canção suíça que diz assim:
“Porque ele é um bom companheiro!
Porque ele é um bom companheiro!!
Porque ele é um bom companhe-ee-i-ro!!!!
Ninguém pode negar!”
E cantando essa canção até que todos estivessem bastante roucos, eles foram para suas camas para ter algumas horas de sono antes de começarem os trabalhos do dia.
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