16 maio, 2007

William Tell Told Again - tradução ilustrada

Depois de um conto meu, que os interessados podem ler logo abaixo deste post, desejo dizer a todos vocês que traduzi o primeiro capítulo de "William Tell Told Again", do P.G. Wodehouse, com ilustrações de Philip Dadd e poesias de John W. Houghton. Se vocês gostarem, pretendo continuar traduzindo e publicando; se não gostarem, vou só traduzir. É minha primeira tradução, então tentem não reparar se eu reduzi o estilo de Wodehouse a pó. Peço desculpas por ser incapaz de traduzir devidamente o título com o trocadilho "Tell" e "Told" e a interjeição "Why", por que sempre me parecia idiota utilizar "cacilda" ou "caramba", e por não ter traduzido (não sem alguma tentação) "William" para "Guilherme" (Por algum motivo "Guilherme Conta Contado Novamente" não me pareceu uma boa alternativa de título). E me desculpo também pela má tradução do poema inicial e por qualquer outro defeito que vocês encontrem. Mas não quero aparecer mais que Wodehouse; agora eu me retiro e deixo que apenas o texto apareça. Até mais.
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William Tell Contado Novamente

Os suíços, contra seus inimigos austríacos,
Nunca tiveram uma alma para liderá-los,
Até Tell, como você ouviu falar, surgir
E guiá-los para a liberdade.
O conto de Tell contamos de novo – um ato
Por que, rogo, não nos censurem –
Este conto de Tell nós contamos, de fato,
Como este conto de Tell nos foi contado.


Capítulo I

Há mais anos que qualquer um possa se lembrar, antes que o primeiro hotel fosse construído ou o primeiro inglês tirasse uma fotografia do Mont Blanc e a trouxesse para casa para ser colada em um álbum e mostrada depois do chá pros seus amigos invejosos, a Suíça pertencia ao imperador da Áustria, para fazer o que quisesse com ela.

Uma das primeiras coisas que o imperador fez foi mandar seu amigo Hermann Gessler para governar o país. Gessler não era um homem legal, e logo ficou claro que ele jamais se tornaria realmente popular com os suíços. O ponto em que eles discordavam em particular era a questão dos impostos. Os suíços, que eram um povo simples e parcimonioso, recusavam-se a pagar taxas de qualquer tipo. Eles diziam que queriam gastar seu dinheiro em todos os outros tipos de coisas. Gessler, por outro lado, queria taxar tudo, e, sendo governante, ele o fez. Ele fez todo mundo que possuía um rebanho de ovelhas pagar uma certa soma em dinheiro para ele; e se o fazendeiro vendesse suas ovelhas e comprasse vacas, ele teria que pagar ainda mais dinheiro a Gessler pelas vacas do que tinha pagado pelas ovelhas. Gessler também taxou pão, e biscoitos, e geléia, e roscas, e limonada, e, na verdade, tudo em que ele podia pensar, até que as pessoas da Suíça decidiram reclamar. Eles escolheram Walter Fürst, que tinha cabelo vermelho e parecia feroz; Werner Stauffacher, que tinha cabelo grisalho e estava sempre imaginando como deveria pronunciar o próprio nome; e Arnold de Melchthal, que tinha cabelo amarelo claro e deveria saber bastante sobre lei, para fazer a reclamação. Eles chamaram o governante numa adorável manhã de abril, e foram levados à Sala de Audiência.

“Bem,” disse Gessler, “e qual é o problema agora?”

Os outros dois empurraram Walter Fürst para frente, porque ele parecia feroz, e eles pensaram que ele poderia assustar o governante.

Walter Fürst tossiu.

“Bem?” perguntou Gessler.

“Er - ahem!” disse Walter Fürst.

“É por aí,” murmurou Werner; “dá-lhe!”

“Er - ahem!” disse Walter Fürst novamente; “o fato é, sua governança...”

“É um detalhe,” interrompeu Gessler, “mas eu geralmente sou chamado de ‘sua Excelência.’ Sim?”

“O fato é, sua Excelência, que parece para o povo da Suíça...”

“A quem represento,” murmurou Arnold de Melchthal.

“...a quem represento, que as coisas precisam mudar.”

“Que coisas?” inquiriu Gessler.

“Os impostos, sua excelente Governança.”

“Mudar os impostos? Como, o povo suíço não acha que já existem impostos o bastante?”

Arnold de Melchthal cortou rapidamente.

“Eles pensam que há demais,” ele disse. “Que com o imposto sobre ovelhas, e o imposto sobre vacas, e o imposto sobre o pão, e o imposto sobre o chá, e o imposto...”

“Eu sei, eu sei,” Gessler interrompeu; “Eu conheço todos os impostos. Vá ao ponto. Que têm eles?”

“Bem, sua Excelência, há impostos demais.”

“Demais!”

“Sim. E nós não vamos aturar isso por mais tempo!” exclamou Arnold de Melchthal.

Gessler inclinou-se para frente em seu trono.

“Posso pedir que você repita essa observação?” ele disse.

“Nós não vamos aturar isso por mais tempo!”

Gessler sentou-se novamente com um sorriso feio.

“Oh,” ele disse – ”oh, de fato! Vocês não vão! Queira o Senhor Carrasco vir aqui,” ele acrescentou a um soldado que ficava ao lado dele.

O Senhor Carrasco aproximou-se. Ele era um cavalheiro de aparência simpática com cabelo branco, e vestia um belo robe preto, decorado com bom gosto por caveiras.

“Sua Excelência me chamou?” ele disse.

“Exato,” replicou Gessler. “Este cavalheiro aqui” – ele apontou para Arnold de Melchthal – “diz que não gosta de impostos, e que não vai mais aturá-los.”

“Tsc-tsc!” murmurou o executor.

“Veja o que você pode fazer por ele.”

“Certamente, sua Excelência. Robert,” ele gritou, “o óleo está fervendo?”

“Acaba de ferver,” replicou uma voz do outro lado da porta.

“Então traga-o aqui, e lembre-se de não derramar nada.”

Entra Robert, vestido com escudo e uma máscara negra, carregando um grande caldeirão, do qual a fumaça subia em grandes nuvens.

“Agora, senhor, por favor,” disse o executor polidamente a Arnold de Melchthal.

Arnold olhou o caldeirão.

“Cruzes, está quente,” ele disse.

“Aquecido,” admitiu o executor.

“É contra a lei ameaçar um homem com óleo quente.”
















“Você pode mover uma ação contra mim,” disse o executor. “Agora, senhor, por favor. Estamos perdendo tempo. O indicador da sua mão esquerda, se me permite. Grato. Obrigado.”

Ele pegou a mão esquerda de Arnold, e mergulhou a ponta do fura-bolo no óleo.

“Ai!” gritou Arnold, pulando.

“Não deixe que ele perceba que o está ferindo,” murmurou Werner Stauffacher. “Finja que você nem percebe.”

Gessler inclinou-se para frente novamente.

“Sua opinião sobre as taxas mudou?” ele perguntou. “Você vê meu ponto de vista mais claramente agora?”

Arnold admitiu que pensava que, no fim das contas, algo nesse ponto de vista poderia ser defendido.

“Está bem,” disse o Governante. E o imposto sobre ovelhas? Você não o desaprova?”

“Não.”

“E o imposto sobre vacas?”

“Eu gosto dele.”

“E os sobre pão, e rosca, e limonada?”

“Eu os adoro.”

“Excelente. De fato, você está bem satisfeito?”

“Bastante.”

“E você acha que o resto do povo está?”

“Oh, bastante, bastante!”

“E vocês pensam o mesmo?” ele perguntou a Walter e Werner.

“Oh sim, sua Excelência!” eles exclamaram.

“Então está bem,” disse Gessler. “Eu tinha certeza de que vocês se sensibilizariam quanto a isso. Agora, se vocês gentilmente colocarem no pandeiro que o cavalheiro à minha esquerda está mostrando pra vocês um trocado para compensar-nos por nosso trabalho em ceder uma audiência a vocês, e se você” (para Arnold de Melchthal) “contribuir com mais um trocadinho por usar do óleo fervente imperial, eu acho que nós todos ficaremos satisfeitos. Vocês doaram? Está certo. Tchau, e cuidado onde pisam ao sair.”

E, quando ele terminou seu discurso, os três porta-vozes do povo da Suíça foram retirados da Sala de Audiência.

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