Sabe, poucas coisas são mais estranhas que pensar que os grandes homens um dia trabalharam. Saber que Machado de Assis escrevia pra jornais é assustador, porque é provável que haja outros Machados de Assis escrevendo por aí, e nós estamos perdendo tudo. Viver no presente é difícil. Bom seria viver sempre uns anos no futuro, para saber com antecedência o que é bom e o que é descartável e poder ler apenas o que de fato importa. O presente tenta sempre nos impor coisas medíocres, que furam a fila da ordem natural de apreciação e se jogam aos nossos pés, implorando para serem consideradas arte, os olhinhos minúsculos brilhando com umas lágrimas de sentimento forçado ou nos ameaçando rondar eternamente a consciência se não forem vistas.
Praqueles que sentem essa ameaça do presente, tudo o que é de hoje se iguala numa massa uniforme e é rejeitado de forma homogênea. Os novos Machados se escondem de qualquer forma: ou os pedintes de atenção são lidos antes, ou todos são ignorados. E a culpa é do tempo em que vivemos, e sempre foi.
Mas, vocês sabem, de nada adianta querer viver no futuro. O futuro também terá seus Machados, e nós não poderemos ler nem metade deles. A única ação a se tomar é tentar fazer o que as pessoas mais chatas do mundo indicam: deixar preconceitos de lado e tudo mais.
Se você, meu amigo, minha amiga, se deixou convencer pela minha argumentação e resolveu sair por aí em busca dos novos Machados, faça-me um favor: vá, e volte com alguns nomes pra mim. Escrever este texto me cansou e deixou indisposto para uma jornada em que serão necessários milhões de espinhos para cheirar meia dúzia de rosas - e sei que o aroma compensa o suor, mas compensa mais ainda que suem por mim e só me caiba a função de apreciar.
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