09 agosto, 2007

Vice-escolhido

Por capítulos, nesta ordem: I, II e

III - Prelúdio

Isso aconteceu há mil anos, porque é o tempo certo para que aconteça qualquer fábula ou conto fantasioso. Daqui a mil anos, terá tudo acontecido hoje e, em mil e quinhentos anos, tudo terá acontecido meio milênio adiante da atualidade. Mesmo assim, não me quero consagrar como grande profeta, um novo Nostradamus, por narrar para os próximos milênios o que aconteceu milênios depois de minha vida. Tudo o que quero é continuar a história milenar, que por maldição de seu autor será sempre e apenas isto durante todo o curso da história: milenar.

O parágrafo acima é necessário porque, a partir de agora, tem início uma seqüência de dois ou três anacronismos. Que não se incomode o leitor: os anacronismos soam menos falsos que uma terra em que rinhas de dragões são o mais importante evento do ano, o que significa que, se o texto foi tolerado até agora, deve ser não menos tolerado a partir de agora.

Primeiro dos anacronismos, Marcos usava relógio de pulso. Esse poderia ser facilmente disfarçado sob a alegação de que Marcos o criou, mas usava sob a manga e não patenteou. Não é minha intenção, porém, mentir bobagens, e fica registrado o erro na contagem do tempo culpado pelo relógio. Se, entretanto, este texto for lido em mil anos, o anacronismo se desfaz como bolha de sabão furada pelos dedos grossos de uma criança bem nutrida.

O segundo anacronismo, falando-se em bolhas, é o sabão. Não se encontrarão neste texto pessoas sujas e fedidas, de onde se supõe que já havia bons sabonetes disponíveis, com cheiro de lavanda em vez de gordura.

O terceiro anacronismo é o local: tudo que aqui está escrito se passa no território do Brasil, e o Brasil de mil anos atrás não conhecia a civilização. Esse anacronismo, na verdade, foi minha maior dúvida: se, daqui a dois mil anos, e mil anos depois de então, e sucessivamente, o Brasil não se tornar um país civilizado, serei obrigado a trocar o povo do País do ambiente anacrônico para a seção de fantasia, onde ficará sentado entre os dragões e as fadas, algo a que espero não ser forçado, porque, apesar de os dragões serem simpáticos, as fadas falam demais com sua vozinha muito aguda.

E aqui termina este prólogo deslocado, que ficará em stand by para aparecer todas as vezes em que a criatividade do autor der uma volta e quiser inserir na história fatos encontrados no caminho.

Consta nos escritos que, depois do interlúdio, Marcos viu pela primeira vez Kátia Cibele.

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