15 fevereiro, 2006

Papéis trocados.

Tá, eu sei que isso aqui está parecendo blog de religião, mas é que essa eu não podia deixar passar.

Vinha eu, feliz, quase saltitándo, no ônibus lotado e, do nada, aparece ele. Um homem vestido em um terno bege com uma camisa branca por baixo e uma gravata cinza entremeándo as vestimentas. Como dizia, ele surge gritándo como só pastores de igreja podem fazer, variando o tom da voz em todos os fins de frase, tornándo mais cansativos ainda os discursos, ou sermões, sei lá o que era aquilo:
"Jesus é fiel! Leiam em João 5:12, apocalipse 9:12, Jó 3:12 (engraçado como eles adoram o versículo doze), Ele diz 'Eu Sou' 6 vezes (de novo o doze, só que dessa vez pela metade), só em João". E repetiu, "Jesus é Fiel". Várias vezes, juro.

O engraçado nisso tudo é que eu, na minha inesgotável ignorância, sempre acreditei que Jesus, aquele que tudo vê, tudo sabe, tudo pode e cujo nome não se pode pronunciar em vão (e não falo do Voldemort) fosse um exemplo a se seguir, que nós, pobres mortais que pouco vémos (nada, no caso do Imortal Jatobá), pouco sabémos (muito, em se tratando de Jatóba) e estámos em apenas um lugar por vez (e isso vale até pro Jatobá) é que devíamos ser fiéis... Que tolo, eu!

Também me chamou a atenção a frase "Jesus é Deus e Deus é Jesus". Além do conteúdo incrìvelmente bem organizado, do ponto de vista da lógica, ele ainda me completa a frase com um "e Jesus falava com Deus...". Além de acreditar que Deus tem o dever moral de ser fiel a ele, ainda chama Deus de esquizofrênico (e Ele ouviu calado, nenhum trovãozinho Ele mandou).

Assim fica tudo mais fácil. Imagina só: eu posso matar, roubar, estuprar, chingar Deus, mandá-Lo tomar banho na soda ("no cu" é mais pesado, pecado, tenho medo de o pastor estar errado...), que Jesus em sua fidelidade, Aleluia, irmãos, vai me perdoar e levar pro céu.
Quero me converter, quando estiver morrendo, depois de curtir muito a minha vidinha mundana e pecadora.

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