01 junho, 2007

William Tell Contado Novamente

Capítulo I, Capítulo II e:

Capítulo III

Em um chalé pequenino e pitoresco no alto das montanhas, coberto de neve e edelweiss (que é uma flor que cresce nos Alpes e que você não pode colher), residiam William Tell, sua esposa Hedwog e seus dois filhos, Walter e William. Tell era um homem tão notável que eu acho que tenho que devotar um capítulo inteiro para ele e suas proezas. Não havia realmente nada que ele não pudesse fazer. Ele era o melhor flecheiro de toda a Suíça. Ele tinha a coragem de um leão, o equilíbrio de uma cabra selvagem, a agilidade de um esquilo e uma barba bonita. Se você quisesse alguém para cruzar rapidamente campos de gelo desolados, e pular penhasco por penhasco atrás de um cabrito das montanhas, Tell era o homem para o seu dinheiro*. Se você quisesse um homem para dizer palavras rudes ao Governador, era a Tell que você deveria pedir em primeiro lugar. Uma vez quando ele estava caçando na ravina selvagem de Schächenthal, onde homens raramente eram vistos, ele encontrou o Governador cara-a-cara. Não havia como se livrar. De um lado a parede rochosa se erguia absoluta, enquanto abaixo o rio rugia. Assim que Gessler teve a visão de Tell vindo a passos largos em sua direção com sua besta, suas bochechas ficaram pálidas e seus joelhos tremeram, e ele se sentou numa rocha se sentindo realmente muito mal.

“Aha!” disse Tell. “Oho! Então é você, não é? Eu conheço você. E que pessoa legal é você, com suas taxas sobre pão e ovelhas, não é! Você vai ter um mal fim dia desses, isso é o que vai acontecer com você. Oh, seu velho malvado! Pff!” E ele seguiu o caminho com um olhar de escárnio, deixando Gessler pensar sobre o que ele tinha dito. E Gessler desde então teve ódio dele, e estava apenas esperando a chance de fazê-lo pagar.

“Guarde minhas palavras,” disse a esposa de Tell, Hedwig, quando seu marido lhe contou isso após a ceia naquela noite – “guarde minhas palavras, ele nunca vai te perdoar.”

“Eu o evitarei,” disse Tell. “Ele não vai me perseguir.”

“Bem, pense no que faz,” foi a resposta de Hedwig.

Em outra ocasião, quando os soldados do Governador estavam perseguindo um amigo dele, chamado Baumgarten, e quando a única chance de escapar de Baumgarten era cruzar o lago durante uma tempestade feroz, e quando o barqueiro, sensivelmente notando “Quê! Eu devo correr para a boca da morte?** Nenhum homem em seu perfeito juízo faria isso!” recusou-se a alugar seu barco mesmo pelo dobro do preço da passagem, e quando os soldados se aproximavam para capturar suas presas com gritos medonhos, Tell pulou no barco e, remando com toda a sua força, trouxe seu amigo a salvo ao outro lado depois de uma passagem agitada. Isso fez Gessler, o Governante, irritar-se ainda mais com ele.

Mas era como atirador que Tell era tão extraordinário. Não havia ninguém em todo o país que tivesse metade de sua habilidade. Ele participou de todas as competições de tiro em milhas de distância, e todas as vezes ele ficou em primeiro lugar. Nem seus rivais poderiam evitar elogios à sua habilidade. “Veja!” eles diriam, “Tell é um grande caça-prêmios,” querendo dizer pela última palavra um homem que sempre participava de todos os concursos, e sempre os vencia. E Tell diria, “Sim, realmente eu sou um caça-prêmios, pois eu caço para premiar minha família.” E assim ele fazia. Ele nunca voltava pra de sua caça para casa de mãos vazias. Algumas vezes era um carneiro das montanhas que ele trazia na volta, e então a família o comia assado no primeiro dia, frio nos próximos quatro, e picado no sexto, com pedaços de torrada nas beiradas do prato. Algumas vezes era apenas um pássaro (como na capa deste livro), e então Hedwig diria, “Guarde minhas palavras, este frango não vai dar pro gasto.” Mas sempre dava, e nunca aconteceu de não terem nem um frango para comer.

















De fato, Tell e sua família viviam uma vida muito feliz, contente, apesar do Governante Gessler e seus impostos.

Tell era muito patriota. Ele sempre acreditou que algum dia a Suíça se ergueria e rebelaria contra a tirania do Governador, e ele costumava ensinar a seus dois filhos, para mantê-los sempre preparados. Eles iam marchar por isso, batendo canecas de cobre e gritando, e juntos se divertindo imensamente, entretanto Hedwig, que não gostava de barulho e queria que Walter e William a ajudassem com seu trabalho em casa, faria reclamações constantes. “Guarde minhas palavras,” ela diria, “esse espírito militarista crescente nos jovens e nos tolos não vai nos levar a nada bom,” querendo dizer que meninos que brincavam de soldados em vez de ajudar sua mãe a tirar a poeira das cadeiras e esfregar o chão da cozinha tinham todas as chances de chegar a um mau fim. Mas Tell diria, “Quem espera lutar pelos seus ideais vida afora deve estar preparado para empunhar armas. Vamos, meus filhos!” E eles iam. Era para esse homem que o povo da Suíça estava determinado a vir pedir ajuda.

















*Tell was the man for your money. Tradução literal.
**Rush to the jaws of death. Fui incapaz de uma boa tradução.

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